segunda-feira, 27 de abril de 2015

A quem possa interessar


Poderá parecer estranho que outra pessoa (neste caso, eu, Sofia) possa escrever no blog que pertencia à Stephie. Digo, pertencia, mas a verdade é que continua a pertencer. Porque apesar dela ter partido deste mundo, no dia 15 de março, há coisas que foram e continuarão a ser dela.
Na pouca sorte que teve enquanto viveu, coube-lhe fazer parte de uma família que não a mereceu e que se desfez das poucas coisas que ficaram dela. Quis a vida (e alguns euros) que algumas dessas coisas viessem parar às minhas mãos. Entre elas, livros e cadernos onde, além de registar o que foi vivendo nos últimos anos, havia também a informação para aceder às contas de email e a outras coisas pessoais que, por não serem sinónimo de mais algum dinheiro, não despertou qualquer interesse nos familiares mais próximos.
Porque sei que, apesar de tudo e de alguns, tinha neste blog seguidores e amigos que até agora desconhecem o que lhe aconteceu, permiti-me a ousadia de me adicionar como autora do blog, apenas para poder informá-los do que lhe aconteceu. Depois deste post, retirar-me-ei e o blog terá a única autora que teve até hoje: a Stephie.
Após cerca de dois anos com uma doença que lhe provocou mazelas físicas significativas, acabou por partir do dia 15 de março. Porque foi, para mim, uma pessoa muito especial que me ajudou, que me fez crescer, que me deu tanto, achei que lhe devia muito mais do que alguma vez poderei dar e, numa espécie de tributo a ela, criei um blog, Cartas para uma Irmã, onde procurarei mostrar o que vou descobrindo sobre o que ela viveu e a pessoa que foi, onde tudo farei para que ela não seja esquecida. 
Até sempre, Stephie!
 

domingo, 1 de março de 2015

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Maturidade é...

...ser capaz de sorrir 
para quem nos fez chorar.

[et malgré tout, je L'aïme encore]



sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Decisão 2



Nem sempre é fácil sair da nossa zona de conforto e tomar decisões. Principalmente quando elas têm de ser tomadas na sequência de desilusões, mesmo que possamos ser nós a estar na origem delas.
Nem sempre é fácil deixar para trás (e é de duvidar que alguma vez a nossa memória e o nosso coração o consigam fazer) momentos e sonhos que foram tão significativos para nós.
Nem sempre é fácil...
Contudo, por vezes, caímos na realidade do que tem sido a nossa vida e chegamos à conclusão que não temos vivido, mas sobrevivido encerrados numa obscuridade que não nos deixa ver que lá fora há um sol deliciosamente a brilhar.
Há já alguns meses que a minha vida é assim. Consequências disso? Deixei que saíssem da minha vida pessoas que me faziam bem, mesmo quando a minha teimosia me fazia cega, impedindo-me de ver quem me quer bem. Sem nada me ter pedido em troca. 
E é assim que, não sem alguma mágoa, somos levados a perceber que, só fechando portas de lugares onde estivemos, podemos abrir outras que nos levem ao sol que brilha lá fora.
Se vou encontrar amor? Certamente que sim. Principalmente se conseguir reconhecer que ele poderá não estar forçosamente na figura de uma pessoa, mas sim nas pequenas coisas que diariamente a vida coloca no nosso caminho.
Olá, Sol!


Decisão 1



Depois de uma noite mal dormida, às  voltas na cama e refletindo sobre a vida, acordei com vontade de trazer de volta coisas que me faziam bem e que nunca deixaram em mim o sabor amargo da desilusão. A música é uma dessas coisas.
Por isso, tomei a primeira decisão acertada, desde há muito: comprar uma viola e recomeçar a tocar. Não tem o valor afetivo daquela que me foi oferecida pelo meu pai, quando eu não teria mais do que oito anos, mas progressivamente senti-la-ei como parte de mim, como uma companheira com quem vou partilhar os meus dias. 
Coincidência ou [talvez] não, adivinhe-se qual foi a primeira música tocada? "Começar de novo"!
Olá, Música!




quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Cansei...


Cansei. De desiludir, de permitir que me desiludissem. De sonhar, de criar nos outros expetativas que não fui capaz de concretizar.
Cansei. De correr como uma louca em busca da felicidade, percorrendo quantos e quantos paraísos artificiais que, mal se desvaneciam, me faziam correr ainda mais depressa atrás de outros.
Cansei da pressa com que se procura o amor, só porque sim ou só porque não, como se o mundo fosse acabar amanhã e eu fosse menos que  todos os outros só por não ter amado.
Cansei das redes sociais em que se vive o virtual, onde por vezes os grupos mais parecem bares de engate, como se cada pessoa fosse um consumível rapidamente descartado após ser usado.
Cansei dos grupos de mulheres em busca de outras mulheres, famintas de aventuras fortuitas e de prazeres efêmeros, procurando sexo por sexo, com uma linguagem grosseira capaz de, como é uso dizer-se, fazer corar um carroceiro.
Cansei da pressa com que se vive, da urgência com que se procura uma relação, da rapidez que imprimimos à nossa vida.
Cansei do que fui, de quem fui, do que fiz. 
Há-de haver certamente algo diferente disto... Mas não vou viver desesperadamente à procura de. A vida segue no seu ritmo, somos nós que temos pressa de tudo: de ser, de ter, de sentir, de viver... E, subitamente, apercebemo-nos que andámos tão envolvidos na vertiginosa velocidade de tudo que nos esquecemos de ser, de ter, de sentir, de viver...
À beira dos 30 anos, cansei de tudo, talvez por ter vivido demasiado depressa, por ter demasiada pressa de tudo experimentar. Que eu saiba agora ser paciente para experimentar o prazer de não ter pressa, de nada procurar, de saborear cada segundo da minha vida nas pequenas coisas com que sou presenteada em cada dia. Tudo o mais virá naturalmente, mesmo que não seja o que seria suposto ser.
Olá, Vida!!!



segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

If I could...

Não sendo a vida feita de SE's, para quê perguntar qualquer coisa que comece por SE?
A inutilidade da resposta a esta questão é semelhante à inutilidade de tantas outras coisas que fazemos e dizemos e, ainda assim, bem no fundo de nós mesmos, não deixamos de formular estas frases condicionais.
Questiono muitas vezes as minhas decisões e seria hipocrisia negar que não me arrependo de algumas. Contudo, a verdade é que, como alguém disse, somos livres de tomar as nossas decisões, mas seremos sempre prisioneiros das suas consequências. Há sempre um preço a pagar. E responsabilidades a assumir, sem procurar desculpas. Eu assumo as minhas. Mesmo sabendo que nem sempre terão sido as mais corretas. Foram as que achei serem as melhores.





Evidências


Olhas e, contudo, nada vês.
Ouves e, contudo, nada entendes.
Falo e, contudo, nada digo.


[porque é tão grande a distância
entre as aparências e as evidências]

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Tanto e tão pouco


Quisera deixar atrás de mim não mais que páginas em branco,
Páginas que nada revelassem sobre os meus erros,
Que calassem o mal que fiz.
Por onde passei, nada fiz, nada fui.
Disse tão pouco...
Mas senti tanto.

domingo, 25 de janeiro de 2015

Da mudança


Tanto. Quando? Como? Porquê? Para quê? Talvez sejam irrelevantes as respostas. A vida corre e a mudança arrasta-nos, muitas vezes contra a nossa vontade. E deixamo-nos ir, nem sempre sabendo para onde.
Decidi encará-la não como uma contrariedade, mas como uma oportunidade. De conhecer coisas novas. De conhecer-me melhor. De sair de mim para ir ao encontro dos outros. De sair do meu "mundinho" para descobrir novos universos. Mesmo que eles não sejam mais do que um pequeno espaço no outro lado do mundo, onde começo a entender que o meu quase nada é o quase tudo de tanta gente. 
Que eu saiba abrir o meu coração aos desafios e à esperança de um pouco de paz.