segunda-feira, 9 de junho de 2014

[sobre]viver

Sempre que há um naufrágio e alguém sobrevive, os primeiros tempos são de desespero, de desorientação, de desalento. Assalta-nos a sensação de estarmos perdidos, de nada podermos fazer para alterar a nossa situação. E a tentação de nos deixarmos vencer e arrastar sem dar luta é tão forte...
Nos primeiros dias nem sabemos como estamos vivos. E saber que a nossa existência perdura não é suficiente para nós aguentarmos. Porque o fim parece-nos tão próximo... Para quê lutar? Para quê insistir? Afinal foi tudo o que fizemos até agora e o resultado é este... 
Contudo horroriza-me a inércia, a fraqueza de quem entrega tudo sem dar luta. Ainda que desconhecendo o resultado dessa luta, ainda que nós primeiros dias me tenha apetecido desistir e deixar-me arrastar,    hoje acordei com vontade de reerguer o meu barco e de, mais cedo ou mais tarde, fazer-me ao mar. 
Quase parafraseando o poeta, direi que não sei por onde vou, não sei para onde vou, mas sei que não vou por aí, pelo caminho do mais fácil. 
Navegar é algo cuja dificuldade aumenta substancialmente quando o fazemos sozinhos, mas prefiro enfrentar essa dificuldade do que arriscar levar num eventual naufrágio alguém que comigo queira navegar. 
Será uma viagem solitária, mas não será a primeira vez que tenho de o fazer. Estou por minha conta. Conheço-me e sei do que sou capaz. E vou começar do zero. Certamente com mais obstáculos do que em todas as outras viagens que já fiz, mas não vou ficar parada. Uma cadeira de rodas pode impedir-me de correr sobre as minhas pernas, mas não vai impedir-me de voar nas asas da minha vontade. 
Pelo caminho, vão ficar pessoas e memórias de momentos. É o preço que a vida nos cobra pelas escolhas que fazemos. Se já em outros tempos fui capaz de preencher a minha vida com trabalho e mais trabalho e mais trabalho, hoje serei capaz de o fazer de novo. Apenas começo do zero em todos os sentidos. Inclusive o financeiro. Mas não tenho medo. A vitória será minha. Só minha.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Sem rumo

Apague-se de mim tudo o que não vivi.
Apaguem-se os sonhos e os castelos que ergui.
Apague-se tudo.
Apague-se eu.